terça-feira, 15 de maio de 2012

“Merton na intimidade; sua vida em seus diários”



“Anoitecer: chuva, silêncio, alegria. Estou certo de que, onde o Senhor vê o pontinho de pobreza e extenuação e desamparo a que o monge é reduzido, o solitário e o homem de lágrimas, Ele então ”deve“ descer e vir e nascer, lá nessa angústia, e torná-la um ponto constante de alegria infinita, uma semente de paz no mundo. Esta é e sempre foi minha missão. Para mim, não há verdade nem sentido em nada que esconda de mim essa preciosa pobreza, esta semente de lágrimas e verdadeira alegria. Daí as distrações e demonstrações que me afastam disso serem tolas e inúteis, podendo constituir até mesmo infidelidades, se forem evasões.
 O que dizem os Salmos, senão isto? ”Em constante vigilância, verás que a ajuda do Senhor vem a ti!“ Quão profunda é essa verdade, que tremenda importância tem! Nós não esperamos por esse ”auxilium Domini“, essa ajuda do Senhor! Outros proclamam que ela chegou, mas sentimos que não! Vigilância constante: "constantes estote”. No momento devido, chegará para mim também, em segredo, na própria liberdade de Deus, além de todo o controle dos horários, mesmo os eclesiásticos! Este é um aspecto verdadeiro e profundo do mistério da Igreja: a liberdade de sua vida interior, que pode ou não corresponder às indicações exteriores do momento ritual“.

(Thomas Merton)

Das fadas pretas e amarelas



Saudade dos meus adágios avoados, 
Das lembranças daqueles dias de isolamento afetuoso,
Solidão acariciada no meu colo! 
Tenho saudade da saudade de casa,
Das fadas pretas e amarelas inocentes, minhas irmãs...
Voando ao redor do meu coração!
Tão indiferente eu parecia... 
Tão sem amor!
Mas do indizível eu era feito!
Era a coruja de olhos escancarados no escuro,
Era eu o touro negro e espanhol , 
Com as bandeirolas cravadas no dorso,
Sou eu o mouro sanguinário ferido...
Sou a febre pura e mortal! 
O amante humano de Deus! 
Imóvel... Inquieto!

Lucas Fernandes